O conceito de nação no pensamento social brasileiro
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Resumo
O presente artigo tem como objetivo estudar como o pensamento social brasileiro ao longo dos séculos tratou da “questão nacional”, isto é, o arcabouço teórico, os caminhos, e os resultados alcançados por aqueles que se propuseram a pensar e, de alguma maneira, a definir a nação brasileira. Nação é um conceito deveras recente no pensamento social, remota ao século XIX, com o surgimento dos Estados Modernos, para além de ser muito amplo e de difícil definição fechada. O conceito, que partiu inicialmente de uma noção eurocêntrica de sociedade, atravessou oceanos e virou questão premente em todo o mundo. Não foi diferente no caso brasileiro, que desde pelo menos sua Independência em 1822 passou a ter como uma das pautas do pensamento político e social a pendência na nação em uma terra onde já se encontrava estabelecido em alguma medida o Estado. A pendência da nação brasileira, embora sempre presente, foi aprofundada com maior cuidado em dois momentos específicos, quais sejam, o período imperial, sobretudo entre 1830 e 1870, com o movimento do romantismo, e a primeira metade do século XX, mais especificamente durante o período conhecido como Era Vargas (1930-1945). O que se nota é que a identidade nacional e a nação brasileira cunhada nesses dois períodos teve forte imposição “de cima para baixo”, atendendo tanto a interesses de uma elite nacional quanto a interesses do próprio Estado, reforçando desigualdades e implicando a exclusão de elementos sem os quais não é possível que o Brasil se estabeleça enfim como uma nação. Reflexo disso é a concepção de conceitos de nação que, por excelência, são artificiais, inacabados, mantendo-se a “questão nacional” premente e a falta de sua conclusão sentida na vida cotidiana social e política brasileira.